Severino Batista da Silva - Professor Billy
09/02/2013 | São Paulo - SP | Comente!
O convite tem como proposta receber a família dentro do âmbito escolar, esclarecer o processo de aprendizagem de pessoas com deficiência, colocá-la como parceira dentro do processo de aquisição de conhecimentos, respeitar suas deficiências no relacionamento com a deficiência do seu filho, respeitar o outro dentro de sua limitação intelectual – falo dos pais com relação à falta de informação acadêmica sobre a deficiência de seu filho e assim, trata-o de forma infantilizada e acredita que tudo tem um “quê” de divino -.
O projeto teve início oficialmente no dia 14/03/2008 com um grupo de 11 pessoas.
Ao trabalhar com os jovens e adultos com deficiência matriculados no CIEJA, que hoje somam 285 (DV, DM, DA, DI, Altistas, Síndrome de Down, etc.), constatei que, nosso olhar para a inclusão era diferente do olhar da família e até mesmo dos outros alunos da escola.
Observei mais atentamente a postura de alguns pais, a maneira como se reportavam aos filhos, a forma com que falavam sobre eles e sobre suas deficiências, e principalmente a falta de conhecimento dos Direitos Humanos de seus filhos enquanto cidadãos.
Por outro lado, sentia necessidade de conhecer um pouco sobre o aluno fora do contexto escolar, em outros ambientes, saber os locais que freqüentavam, o que faziam, do que gostavam, como se relacionavam com familiares e pessoas em outros espaços pois, essas informações poderiam nortear o trabalho pedagógico com os alunos em sala .
Conversei com a diretora e falei sobre o que me inquietava e esta me desafiou a realizar um trabalho com os pais.
Pensei no nome e decidi por Café Terapêutico. Café por conta da programação do Café Filosófico da TV Cultura que eu sempre assisto e, Terapêutico pelo fato de na época cursar pós em Arteterapia.
Não tinha claro como seria o formato dos encontros, mas sabia que era fundamental que os filhos participassem juntos com seus pais pois, embora com alguma deficiência, era necessário que eles aprendessem sobre seus direitos fundamentais de falar, ser ouvido, decidir, escolher, opinar, etc.
A ação teve início a partir das observações que fizemos dos familiares atendidos no CIEJA Campo Limpo desde a entrevista para a matrícula de seus filhos, relatos trazidos aos encontros semanais no Café Terapêutico, busca de atendimentos para seus filhos, as histórias de vida de cada um – que muitas vezes são bem parecidas.
Pesquisamos entre os pais se já tinham participado de algum grupo em outras instituições onde seus filhos eram atendidos. As respostas foram bem variadas como:
- Sim, para fazer atividades manuais e produzir materiais para ser vendido no bazar da instituição.
- Não, nunca participei de nada.
- Já, mas nunca junto com meu filho.
- Sim mas nunca me senti a vontade para falar.
- Não pois as outras mães eram metidas, etc. .
A partir das respostas obtidas traçamos um formato de trabalho que poderia ser desenvolvido junto ao grupo e que propiciasse aos participantes a criação de vínculos afetivos entre eles.
Era fundamental que esses pais/familiares se conhecessem, formassem uma rede de solidariedade e amizade e principalmente descobrissem os potenciais de seus filhos
Nossos objetivos foram surgindo ao longo dos encontros e hoje são:
- Propagar a troca onde as diferenças em virtude das deficiências sejam minimizadas e esclarecidas;
- Difundir a rede solidária entre pais, filhos, amigos e profissionais;
- Propiciar discussão e reflexão de temas sobre cidadania, identidade, solidariedade, saúde, afetividade, educação inclusiva, escola de todos e para todos;
- Discutir a relação entre diferenças x deficiências para quebra de preconceitos;
- Divulgar e esclarecer os processos de aprendizagem e práticas educativas do CIEJA Campo Limpo;
- Multiplicar formação e circulação de informações.
As ações sempre foram pensadas para que os participantes falassem sobre suas angústias, conquistas, anseios e contribuíssem com o grupo por meio de suas histórias de vida para que os outros pais também pudessem se mobilizar na busca de uma melhor condição para seus filhos e que estes realmente estivessem incluídos na sociedade.
A utilização de pequenos textos para sensibilização e discussão, apresentação de Power point com textos e imagens, pequenos vídeos, imagens e dinâmicas são valiosos instrumentos utilizados nos encontros que acontecem todas s sexta feira no horário das 9h30 às 11h00 da manhã.
Cada participante colabora com o nosso café trazendo um bolo, doce, salgado, refrigerante, café, etc.
Ao longo dos encontros muitos temas foram surgindo e posteriormente foram abordados pelo professor Billy ou outro profissional convidado.
Os encontros sempre possuem um título e, sempre que possível é colocado junto a ele uma imagem, pois facilita o entendimento dos jovens com deficiência intelectual .
Para os participantes com deficiência visual sempre temos o cuidado de fazer a audiodescrição de tudo o que mostramos.
Dentre as atividades que são bem variadas, realizamos Café Musical onde fazemos a análise de letras de músicas e as histórias contidas, dentro de um contexto que seja pertinente à realidade do grupo e que possa contribuir para a sensibilização / formação do mesmo;
Café Sarau onde pais e filhos preparam apresentações variadas para os participantes: músicas, leitura de textos, poesias - muitas de autoria própria – e apresentações de danças;
Café Terapêutico Solidário Animal – onde fizemos a multiplicação da formação recebida sobre posse responsável e proteção animal;
Cine Café Terapêutico onde exibimos filmes que tratam de questões de inclusão, deficiências, direitos humanos, etc..
Com o grupo também decidimos o que vamos trabalhar nos encontros anuais e quem será o público convidado.
Já realizamos 4 encontros de aniversários:
1º aniversário – 29.05.09 “Sou especial porque sou feliz. Ser diferente é normal. Eu sou”.
2º aniversário - 30.04.10 “Mães que fazem a diferença”.
3º aniversário – 25.03.11 “Parceria: Com você tudo é alegria e sem você, nem aqui eu estaria”.
4º aniversário - 27.04.12 “Somos todos iguais na diferença”.
Neste ano de 2013 comemoraremos o 5º Aniversário do Café Terapêutico e o tema será “A inclusão que temos e a inclusão que queremos” no dia 27/04/13 – sábado no horário das 14h00 às 17h00 no Teatro Oscarito – Céu Casa Blanca.
Iniciamos também a criação de um documentário com o mesmo tema “A inclusão que temos e a inclusão que queremos” onde participarão pais, alunos, profissionais de diversas áreas, autoridades e comunidade em geral.
Desde o ano de 2011 os encontros do Café Terapêutico passaram a ter o nome de Café Terapêutico Solidário pois, a cada encontro realizado arrecadamos produtos previamente estabelecidos, que são doados para instituições próximas do CIEJA.
Já arrecadamos papel higiênico, sabonetes, creme dental, jornais e leite integral.
Já ajudamos as instituições:
Raio de Sol – Associação Espírita que faz entrega de cestas básicas para a comunidade do Parque Santo Antonio;
Instituição Resplendor – que atende adultos com HIV.
CCZ – Centro de Controle de Zoonoses de Embu das Artes
Temos um cuidado especial com a divulgação e fazemos uso de diferentes mecanismos para que todos saibam dos encontros.
Produzimos bilhetes que são entregues – colados no caderno – para os alunos com deficiência.
Fixamos folder do encontro nos murais de avisos do CIEJA.
Divulgamos no BLOG do CIEJA (www.blogdociejacampolimpo.blogspot.com) e do Café Terapêutico (www.projetocafeterapeutico.blogspot.com) e facebook.
Realizamos encontros de avaliação dos trabalhos no formato de pesquisas de satisfação entre participantes dos encontros, reuniões com a equipe do Café Terapêutico, reunião com a direção do CIEJA na busca de soluções e avaliação de ações realizadas.
Definimos que o Café Terapêutico seja um sucesso pois a participação das pessoas tem crescido em cada encontro, começamos com 11 pessoas – hoje temos uma média de 40 a 50 pessoas a cada encontro .
Outro fator de observação é a realização ininterrupta dos trabalhos desde 14.03.2008.
Contamos com registros escritos e relatos audiovisuais onde os participantes falam da importância de participarem do grupo e demonstram muito prazer em poderem participar juntos com seus filhos de todos os trabalhos realizados em nossos encontros.
A satisfação dos pais ao ouvirem seus filhos – cada um à seu modo – se colocando frente às questões trazidas aos grupos, causam momentos de muita emoção.
Possibilitar que jovens e adultos com deficiência sejam respeitados e tratados como jovens e adultos, e não como crianças, não tem preço pois valorizamos a eficiência do ser humano e não sua deficiência .
Os trabalhos do Café Terapêutico são amplamente divulgados com a intenção de que escolas e outras instituições que trabalham com pessoas com deficiência, tenham esse olhar diferenciado para as famílias dessas pessoas.
O projeto Café Terapêutico já foi apresentado e divulgado em:
- Encontros de formação de professores;
- Reuniões de professores de SAAI – Sala de Apoio e Acompanhamento à Inclusão da SME/DOT – Secretaria Municipal de Educação/ Diretoria de Orientação Técnica e CEFAI – Centro de Formação e Apoio à Inclusão da DRE Campo Limpo;
- Seminários promovidos pela Secretaria Municipal de Educação;
- Revista: publicação do artigo – “Vamos Tomar Um Café Terapêutico” Ciranda da Inclusão – dez/2010;
- Site: Entrevista - Portal Mara Gabrilli – 12.04.10 “Professor Billy – O Terapeuta da Inclusão” (http://www.maragabrilli.com.br/personagem-da-semana/255-entrevista-com-prof-billy-o-terapeuta-da-inclusao.html);
- Jornal: artigo publicado no Jornal da APROFEM edição Janeiro/fevereiro de 2011 pág. 4” Vamos Tomar um Café Terapêutico”.
- Feiras e eventos como UNIDIVERSIDADES, na cidade de São Paulo e em cidades do interior, como por exemplo em Sorocaba quando da realização de encontro de educação organizado pelo Instituto Paradigma .
- BLOGS: www.blogdociejacampolimpo.blogspot.com e www.projetocafeterapeutico.blogspot.com.
- Prêmios: Eu amo Educar: Finalista da Região Sudeste fevereiro de 2012
- Prêmio: Construindo a Nação 2012 – Categoria EJA – 2º Lugar no Estado de São Paulo – premiação será dia 11/03/ 13 na Sala São Paulo.
- Recentemente recebemos convite para apresentar o trabalho para
- Educadores de Angola onde provavelmente estaremos auxiliando na organização de uma escola particular que quer trabalhar com educação especial dentro de uma perspectiva de educação inclusiva para todos.
O sucesso de nossos trabalhos acontece com a ajuda de parceiros como familiares dos alunos com deficiência matriculados no CIEJA Campo Limpo, alunos, parceiros, comunidade, professores e profissionais de diversas áreas (saúde, educação, psicologia, assistência social, sociologia, pedagogia, etc.) professores e profissionais de outras unidades escolares da cidade de São Paulo e Sorocaba que participaram dos encontros de formação com o professor Billy – Severino Batista Silva – idealizador e articulador do projeto.
Contato: severino.billy@ig.com.br
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