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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
CIEJAs na cidade de São Paulo - Identidades, Culturas e Histórias.
É com imenso prazer que fazemos o convite para o lançamento do livro “CIEJA's na cidade de São Paulo: Identidades, Culturas e Histórias”.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
Como podemos recriar a escola pós-pandemia: Programa que deu certo (CIEJA Campo Limpo) - Reportagem UOL
A vida é feita de idas e vindas, talvez para que possamos viver os desafios, as alegrias, os medos, os erros com novos olhares. Na década de 1990 vivíamos uma crise na educação de jovens e adultos, ou melhor, o maior número de abandono. Quase 65% dos jovens e adultos da cidade de São Paulo não completavam o Ensino Básico. Para tentar resolver essa crise surgiu o Centro Municipal de Ensino Supletivo (CEMES). Um curso apostilado, com eliminação de matérias e ensino a distância.
Ao final de dois anos percebemos
que esse modelo não apresentava melhoras nas desistências. A partir de muito
estudo, pesquisa e consulta a Lei de Diretrizes Básicas para Educação - LDB,
surgiu outra proposta, a do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos -
CIEJA, no Capão Redondo, periferia da zona sul de São Paulo. Na época, o lugar
era considerado um dos bairros mais violentos do mundo, segundo a ONU. Como
estávamos em um lugar novo, com muitas referências de evasão e violência nas
escolas, resolvemos que, para atrair os estudantes, precisávamos mudar as
estratégias. Então, nós abrimos os portões, que seguem abertos até hoje.
Dona Eda - Sem professor ou carteira - Reportagem UOL
O que é hoje o CIEJA Campo Limpo era centro Supletivo de Educação de Jovens e Adultos, mas percebemos em 1998 que essa escola não dava muito certo porque era através de apostilas, eliminação de matérias. Até tinha professor para tirar dúvidas, mas os estudantes por si só tinham que estudar as apostilas e fazer as provas. Estudar sozinho é muito difícil. Requer muita disciplina, muita compreensão, e as dúvidas não são tiradas — para mim, é na troca que você começa a refletir e aprender.
Em 2000, mudamos para CIEJA,
Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos. Saímos no bairro em que
estávamos na Vila das Belezas, perto de Santo Amaro, e fomos para o Capão
Redondo, que tinha o maior índice de evasão escolar entre jovens e adultos,
além de uma alta população imigrante com baixo grau de escolarização e, por
isso, eram pessoas com dificuldade de ingressar no mercado de trabalho.
Chegamos no lugar mais violento do mundo, na época, e percebemos que tínhamos
que fazer uma educação diferente: escutar as pessoas que estavam fora das
escolas.
Para nossa surpresa, pediram uma
escola sem carteira, sem professor e sem disciplina.
Eu vou te explicar por que. Um
jovem de 15 anos me falou que a carteira é a cela solitária: você é obrigado a
ficar quieto, fazer o que mandam, não pode se mexer, nem fazer qualquer outra
coisa; a escola já tem essa característica de prisão: as cores, o ambiente
disciplinador. Os estudantes não queriam que os professores trouxessem o planejamento
pronto, queriam ser ouvidos, ter suas necessidades entendidas. Sobre as
disciplinas, disseram que quando bate os 45 minutos da aula é quando você
começa a aprender, se envolver com o conteúdo e vem o sinal — um barulho
horrível, o qual corta o pensamento, deixa as dúvidas para serem vistas dali 4
dias. Esses estudantes queriam educação de outras maneiras.
Eda Luiz tem 72 anos e acredita
que todas as pessoas vêm à vida com uma missão. "Tenho a felicidade de ter
conseguido ser aquilo que eu sempre desejei ser. Educar é a minha missão;
acredito demais na escola pública de qualidade para todos, como um direito",
reflete ao final da nossa conversa. Eda gosta de ouvir samba-rock e educar para
tornar as pessoas livres, visíveis e munidas de autoestima. Afinal, a partir do
seu trabalho com a alfabetização de adultos, ela concluiu que, infelizmente, os
analfabetos são invisíveis no mundo letrado, um preconceito que passa pelo não
reconhecimento dos saberes de cada um e causa dano emocional, psicológico, um
constante sentimento de não-pertencimento aliado a um vácuo identitário, da
percepção de si como relevante na sociedade, como cidadão.